A International Data Corporation (IDC) realizou uma coletiva de imprensa para divulgar os resultados do estudo IDC Predictions Brazil, que destaca as principais tendências do mercado de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) para este ano.
Em 2023, as habilidades mais valorizadas serão cibersegurança, dados e codificação. O Brasil, atualmente classificado em 11º lugar no ranking global, deve avançar 5%, chegando perto de alcançar um total de US$ 80 bilhões (R$ 400 bilhões na cotação atual). O estudo prevê um crescimento de 3% na área de Telecom e 6,2% em TI. O mercado de tecnologia da informação será impulsionado pelo aumento do consumo de soluções tecnológicas pelas empresas (B2B), prevendo-se um crescimento de 8,7% nesse segmento, com destaque para as áreas de Software e Cloud.
Luciano Ramos, o recém-nomeado Country Manager da IDC Brasil, destacou inteligência artificial, nuvem e segurança como as áreas de maior crescimento no mercado. Além disso, Pietro Delai, diretor para o mercado corporativo na IDC América Latina, acrescentou analytics a essa lista, pois esses quatro segmentos têm mostrado avanços significativos nos últimos anos.
O estudo revela que 93% das empresas consultadas têm como meta a redução dos custos de nuvem, adotando a automação e avançando no uso do FinOps (gastos financeiros de infraestrutura). Essa abordagem visa estimular os investimentos em provedores de serviços gerenciados, como Infrastructure as a Service (IaaS) e Platform as a Service (PaaS). Prevê-se que os gastos totais com esses serviços alcancem a marca de US$ 4,5 bilhões (R$ 22,7 bilhões), representando um aumento significativo de 41% em relação a 2022.
O avanço na virtualização das redes de telecomunicações é uma tendência em destaque. Segundo Luciano Saboia, diretor de Pesquisa e Consultoria de Telecomunicações da IDC Latin America, o fortalecimento das parcerias entre provedores de nuvem e Telcos levará a um aprimoramento significativo da transformação digital dessas empresas. Espera-se que, nesse novo cenário, as Telcos assumam algumas das tarefas essenciais. De acordo com Saboia, nos próximos 5 anos, o consumo de nuvem pelo setor de Telecom deve registrar um crescimento médio anual de 35,2% em IaaS e 42,2% em PaaS.
O ano de 2023 será marcado pelo movimento "Wireless First", que dará destaque às redes sem fio graças à implementação do Wi-Fi 6 e da conectividade 5G. De acordo com o estudo da IDC, prevê-se um crescimento significativo de 17% no mercado de Wi-Fi 6, impulsionado pela adoção de tecnologias emergentes como a Internet das Coisas (IoT) e a Inteligência Artificial (IA). Essas inovações serão fundamentais para impulsionar o avanço das redes sem fio e aprimorar a conectividade em diversos setores.
A chegada da rede 5G terá um impacto significativo em todo o ecossistema de tecnologia, criando uma grande expectativa de transformação para as empresas. Como resultado, é esperado que as empresas invistam em redes privativas móveis, com o objetivo de atender necessidades específicas de suas operações e superar desafios de conectividade.
Essa nova infraestrutura de conexão possibilitará melhorias em diversas áreas, como cloud, segurança, armazenamento e análise de dados, além de serviços gerenciados utilizados em aplicações de IoT, IA e aprendizado de máquina. De acordo com as previsões, o mercado de redes móveis privadas deverá apresentar um crescimento superior a 35% até 2026. Esses avanços prometem impulsionar a inovação e o desempenho das empresas, consolidando o 5G como uma tecnologia crucial para o futuro dos negócios.
De acordo com o estudo, aproximadamente 29% das empresas planejam realizar investimentos estratégicos relacionados ao Software as a Service (SaaS). O mercado de software como um todo deve experimentar um crescimento de 15,1% em 2023, impulsionado por soluções de segurança, gestão de dados, inteligência artificial e experiência do cliente. Notavelmente, metade desses investimentos será direcionada para modelos SaaS, com uma projeção de crescimento de 27,6%. Isso demonstra a crescente relevância e adoção das soluções SaaS como uma abordagem eficiente para as necessidades tecnológicas das empresas.
De acordo com 20,5% das empresas brasileiras entrevistadas, os processos de automação e Robotic Process Automation (RPA) serão de suma importância para suas iniciativas relacionadas à Tecnologia da Informação. Além disso, a Inteligência Artificial (IA) ganhará destaque, posicionando-se como a terceira maior oportunidade, ficando atrás apenas das áreas de cloud e segurança.
As projeções indicam que os gastos em tecnologia no Brasil devem ultrapassar a marca de US$ 1 bilhão (R$ 5,02 bilhões, na cotação atual) neste ano, representando um crescimento de 33% em comparação a 2022. Adicionalmente, os investimentos em soluções de automação inteligente devem exceder US$ 214 milhões (cerca de R$ 1 bilhão), registrando um crescimento de 17% em relação ao ano passado. Esses números destacam o impulso significativo que a automação e a IA estão trazendo ao cenário tecnológico do país.
A segurança cibernética é considerada a principal prioridade para 53,6% dos executivos brasileiros. De acordo com Pietro Delai, esse tema continuará sendo uma grande preocupação ao longo de 2023, impulsionado pelo aumento no uso e interações virtuais, especialmente no ambiente de trabalho. Como resultado, os investimentos em segurança devem registrar um crescimento de 13% em comparação ao ano anterior, alcançando a marca de US$ 1,3 bilhão (cerca de R$ 6,5 bilhões) no ano de 2023. Esses números refletem a crescente importância atribuída à proteção e defesa contra ameaças cibernéticas em um mundo cada vez mais digitalizado.
Reinaldo Sakis, diretor de Pesquisa e Consultoria de Consumer Devices da IDC Latin America, aponta que o mercado de dispositivos enfrentou desafios significativos em 2022 e continuará com uma dinâmica desafiadora neste ano. A previsão é de um primeiro semestre com adaptações à mudança de ano e ao novo governo, seguido de um segundo semestre de recuperação, com um leve crescimento no consumo das famílias.
Apesar do crescimento modesto, o mercado de Devices continuará representando uma parcela significativa, cerca de 43,7%, do total de gastos em Tecnologia da Informação no Brasil. A previsão para este ano é que os smartphones alcancem US$ 13 bilhões (R$ 65,6 bilhões), os computadores atinjam US$ 5,8 bilhões (R$ 29,2 bilhões), os Wearables cheguem a US$ 882 milhões (R$ 4,4 bilhões), as impressoras totalizem US$ 542 milhões (R$ 2,7 bilhões) e os Tablets alcancem US$ 464 milhões (R$ 2,3 bilhões) em gastos.
O varejo online continua perdendo participação no mercado, principalmente devido à retomada do comércio físico. "O principal motivo é que as lojas físicas estão ganhando mais espaço graças à maior flexibilidade de negociação no momento da venda, aliada ao retorno de um grande número de brasileiros às compras presenciais após o auge da pandemia", esclarece Sakis.
De acordo com as previsões da IDC, espera-se que o varejo físico alcance uma receita de US$ 10 bilhões (R$ 50 bilhões), enquanto o varejo online deve atingir US$ 5 bilhões (R$ 25 bilhões). As vendas de smartphones devem crescer 6%, porém é esperado um recuo de 8,4% nas vendas de PCs. Esses dados refletem a tendência atual de preferência pelo comércio em lojas físicas, impulsionada pelo maior conforto e conveniência nas negociações, bem como a busca por uma experiência de compra mais presencial após o período de restrições causado pela pandemia.
De acordo com a IDC, fabricantes e canais de distribuição que adotarem produtos e serviços alinhados aos princípios ESG (ambientais, sociais e de governança) terão maiores chances de alcançar o sucesso. Sakis ressalta que uma das tendências em destaque é o "Device as a Service" (DaaS), que engloba logística reversa e economia circular, e deve representar aproximadamente 5% das vendas B2B concluídas em 2023, totalizando um montante de US$ 250 milhões (R$ 1,2 bilhão). Essa abordagem reflete o crescente interesse das empresas em adotar práticas sustentáveis e responsáveis no mercado de dispositivos, impulsionando soluções inovadoras e alinhadas com as expectativas ambientais e sociais dos consumidores.
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